Os riscos do consórcio não são explorados por bancos e instituições financeiras, mas podem gerar prejuízo financeiro. Entenda.
Os consórcios são uma alternativa de aquisição que muitos brasileiros escolhem por não envolverem juros altos, como acontece nos financiamentos tradicionais.
A ideia de poupar em grupo para adquirir bens ou serviços, como imóveis, veículos e até viagens, é atraente. No entanto, existe um risco oculto que pode transformar essa vantagem em uma dor de cabeça significativa.
Demora, inadimplência e inflação: o risco pouco falado do consórcio
No consórcio, os participantes, chamados de consorciados, contribuem mensalmente com um valor pré-determinado para um fundo comum. Esse fundo é utilizado para a contemplação de cotas, que dão direito à aquisição do bem ou serviço desejado.
As contemplações podem ocorrer por sorteio ou por lance, que é uma oferta competitiva entre os consorciados. A modalidade é usada, principalmente, para três objetivos: troca de veículos, viagens e compra da casa própria.
Como o consórcio funciona?
Todos os meses, os consorciados pagam uma prestação. Na parcela está incluso o valor diluído do bem, taxa de administração e um seguro, caso haja inadimplência de algum consorciado.
Embora o custo seja menor do que o de um financiamento, o consumidor ainda precisa arcar com um valor maior do que o preço do bem.
Por que especialistas consideram a modalidade como ‘furada’?
Se existe o risco de demorar para receber o bem, é muito mais vantajoso guardar o dinheiro e comprá-lo à vista. Caso prefira, o consumidor pode aplicar o valor das prestações do consórcio em um investimento seguro, como CDBs, e ainda ganhar um dinheiro extra.
Contudo, existe um risco ainda maior na modalidade de crédito, pouco abordado pelos bancos: inflação.
Entenda como a inflação pode afetar a carta de crédito do cliente
Vale deixar claro que os valores das cartas de crédito são atualizados conforme a inflação, mas o saldo disponível pode não acompanhar a valorização real do bem desejado.
Ou seja, ao ser contemplado, o consumidor pode descobrir que o montante disponível não é suficiente para comprar o bem que desejava inicialmente.
Este descompasso entre o valor do crédito e o preço real do mercado pode levar a frustrações e a necessidade de buscar outras fontes de financiamento para completar a compra.
Entendendo o risco na prática
Para ilustrar a situação, imagine que você vai viajar para o exterior e decide fazer um consórcio de R$ 25 mil de 24 meses. Contudo, em dois anos, o Real se desvaloriza e os custos da sua viagem aumentam para R$ 30 mil.
O mesmo pode ocorrer no consórcio imobiliário. Muitas vezes, o reajuste da inflação não é suficiente para cobrir os custos de valorização de um imóvel ao longo dos anos.
Golpes
Por fim, o último risco não está relacionado ao consórcio em si, mas às administradoras. Existem muitos casos de golpes, em que as empresas responsáveis pelo gerenciamento do fundo usam os recursos de forma indevida.
É muito importante que você pesquise antes de fechar algum tipo de contrato. Busque saber mais sobre a reputação da empresa. Sites como o Reclame Aqui podem te ajudar na escolha.
O Banco Central também oferece um serviço de consulta. Verifique se a administradora do consórcio é credenciada pelo órgão e qual é o índice de reclamação feita pelos consumidores. Acesse o site do BC: https://www.bcb.gov.br/